Pesquisa do instituto comprova que pessoas com algum tipo de deficiência têm menos acesso a oportunidades de emprego e ganham menos.
O Rio de Janeiro tem a terceira menor taxa de ocupação das pessoas com deficiências no Brasil, segundo dados da “Pnad Contínua – Pessoas com Deficiência”. A pesquisa foi divulgada nesta sexta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento mostra que, no terceiro trimestre do ano passado, apenas 22,6% das pessoas com deficiência no RJ estavam no mercado de trabalho. Enquanto isso, o nível de ocupação das pessoas sem deficiência era de 56,4%.
O Estado fica atrás apenas de Pernambuco (21,9%) e Alagoas (21,5%). A média nacional era de 26,6%.
No Rio, uma cidade que ainda não é acessível, essa desigualdade fica ainda mais evidente.
Em busca de uma oportunidade, André Luiz Azevedo de Jesus, de 49 anos, diz que sem força de vontade não dá nem para sair de casa.
“A gente tem que manter a cabeça firme e bola pra frente, vamos tentando. Um dia a gente acerta.”
Antes de conseguir chegar a algum lugar para entregar currículo, tentar uma vaga de emprego, o transporte é um grande desafio. Nesta sexta, o elevador do ônibus estava funcionando e André conseguiu embarcar, mas isso não acontece com frequência.
“Eu posso até entregar currículo e arrumar emprego, mas tem vezes que eu fico 2, 3 horas esperando um ônibus com um elevador que funcione. Ninguém vai segurar pessoa com deficiência chegando atrasado todo dia”, diz.
Salários mais baixos
O levantamento do IBGE não é só sobre vagas. Também é sobre salário.
A Pnad mostra que, no RJ, o rendimento médio mensal é de R$ 2.102 para pessoas com deficiência e de R$ 3.227 para pessoas sem — uma diferença de 53%.
A pesquisa trouxe também outras informações. A proporção de pessoas de 2 anos ou mais de idade com deficiência no estado é de 8,1%, quase igual à média do Sudeste, que é de 8,2%. Já a média nacional é de 8,9%.
O objetivo da pesquisa é conhecer melhor a população com deficiência e produzir dados que possam servir como base para políticas públicas que ajudem a diminuir as desigualdades.
“Não adianta termos empregos se não temos acessibilidade pela cidade. Não adianta termos as vagas se essas pessoas não conseguem acessá-las”, diz Antoniel Bastos, presidente da Rede Incluir, ONG especializada na inclusão de pessoas com deficiência.
A Secretaria Municipal de Conservação disse que vai mandar equipes para vistoriar os locais mostrados na reportagem para avaliar a necessidade de acessibilidade de cada trecho.
fonte: G1